1 - Escolher um poema
significativo e pequeno para começar.
2 - Escrever os versos em folhas
separadas para facilitar o manuseio
3 - Dar um número a cada verso e
a cada folha para reforço da memória visual.
4 - Procurar no dicionário o
significado de cada palavra desconhecida.
5 - Procurar entender a mensagem
global do autor.
6 - começar com os primeiros
versos com o uso da “ladainha”, ou repetição.
7 - Para cada verso associar
imagens mentais correspondentes como se estivesse lembrando-se de um cenário.
8 - Começar a declamar os versos
de maneira repetitiva e em voz alta dando ênfase à declamação ou
emocionalizando os versos.
9 - Manter sempre a folha com os
versos que estão sendo trabalhados usando qualquer oportunidade para reforçar a
memória, (no sinal de trânsito, no banheiro, nos momentos de lazer etc.).
10 - O uso conjugado de todas as
memórias (verbal, auditiva, visual, emocional) vai consolidando a
reminiscência, pela qual os versos se tornam a cada dia mais claros e vividos
na memória.
11 - Em geral nós promovemos um
encadeamento da memória em que cada ultima estrofe declamada nos trás à
superfície a primeira estrofe do próximo verso.
12 - Com o uso das páginas e
versos numerados podemos atrair para a superfície partes determinadas dos
poemas.
13 - A partir da primeira
declamação em público bem sucedida temos um reforço extraordinário da
auto-estima pela via do reconhecimento.
14 - Este prazer nos leva a
buscar novas oportunidades de declamar (que nunca faltam), aumentando a cada
dia nossa alta confiança.
15 - A partir desde ponto podemos
manter apenas o trabalho de manutenção de poemas já dominados e exercitarmos
novos poemas com nossos instrumentos de memória já melhor qualificados.
"Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o
primeiro passo."
A contemporaneidade diz respeito
aos tempos recentes, dos últimos vinte anos, e pode-se considerar a marca desta
época o fenômeno da globalização ou da mundialização. Definida basicamente como
estabelecimento de uma rede de informações à distância e de fluxo contínuo,
tendo como suporte a tecnologia avançada da informação, a informática, que
organiza a vida econômica, política e social, segundo uma ordem mundial. As
comunicações ultrapassam quaisquer limites ou barreiras nacionais dos estados,
estabelecendo apoiadas na alta tecnologia, um fluxo rápido e em moto contínuo
de dados – sons, imagens e textos cruzando o planeta, sem controle e sem
limites, abertos. Definida como a terceira a onda industrial, a informatização,
ou revolução eletrônica, que propiciou esse grande salto das comunicações,
vencendo as distâncias, acelerando o tempo da história e da veiculação, de
notícias e dados, potencializando e mantendo a memória, da otimização de
estocagem destes, expandindo possibilidades no futuro, a partir de pressupostos
ou probabilidades. O inexorável avanço dos meios de comunicação, estabelece sua
presença e ação em todo planeta. De origem em interesses de ordem política e
econômica, mas resultou em profundas transformações irreversíveis para a
condição humana, quanto ao conteúdo, qualidade e quantidade de imagens a que
está submetido o homem contemporâneo, nas cidades.e conseqüente ampliação do
imaginário de seus habitantes. As imagens se apresentam em superfície, com
pouca profundidade, rapidamente são substituídas por outras, em sequencias rápidas de forma fragmentária e artificial. Outros aspectos críticos, apontados
nos últimos anos do século passado e no início deste milênio, por sociólogos,
antropólogos a respeito deste sistema sócio-econômico dominante dos meios de
comunicação high tech. Os centros da economia e da condução da cultura, mantêm
sua hegemonia em relação às áreas excêntricas; confrontando-se com suas
identidades culturais. A euforia que se seguiu à primeira fase da globalização
na década de 80, liderada pelo sonho de universalidade e de equidade, de acesso
ao mesmo nível de informações e de tecnologia para administrá-las e de inclusão
de todos nesta ciranda internacional, é substituída, ao avançar dos anos 90. A ilusão de
universalidade acabou, percebendo-se que a globalização, como aí hoje está é
mais um processo de separação entre os centros hegemônicos de economia e
cultura e demais áreas periféricas, que por sua vez buscam reagir na manutenção
de seu perfil próprio, interessadas em preservar e mostrar suas raízes, sua
alteridade.
A informação no mundo
globalizado, alavancada pela informática, é o grande vetor de produção, de
progresso, sucesso, poder e dinheiro. Esta valorização da informação fez com
que vários pensadores definissem como a época como da sociedade do saber, que
significa conhecimento, competência e eficiência.
A arte na contemporaneidade, no
contexto do mundo globalizado, assume um papel relevante, surpreendente,
inesperado. Ela se oferece como um campo ainda mistérico, mágico, escapa do
controle, da programação, dos diagnósticos a tempo futuro ou prognósticos,
ainda é um domínio de exercício de liberdade e de reencontro com a sacralidade
da vida, por sua natureza aberta, disponível, libertária e expansiva. A arte é
um dos poucos campos de saber e criatividade, que se mantém como fronteira a
ser explorada, a ser descoberta, a ser revelada, um território por isso não
totalmente desentranhado pela razão, portanto um canal para o absoluto, para
revelações, visualidades impensadas, percepções novas, daí sua sacralidade
irreligiosa, sendo para o ser humano talvez o último reduto de contemplação e
liberdade.
A década de 90 vem ampliar ou
confirmar o processo de globalização mediante o desenvolvimento tecnológico da
informática nas comunicações. O marco neste período final do século e do
milênio é a instauração da Internet, essa plataforma do mundo virtual, onde sem
limites imagens e textos dígitos todo o imaginário possível se altera se
reparte e se repete, em trânsito contínuo.O volume de imagens deste mundo
virtual é infinitamente maior que o do mundo real, romperam-se as barreiras de
tempo e espaço, os limites históricos das leis e da moral, das línguas, das
religiões e mitos.
A internet assume um poder de ser
uma verdadeira extensão do viver cotidiano atual. Por outro lado, possibilita a
sedução da liberdade,de um espaço ilimitado de comunicação e de expressão do
indivíduo. Conseqüente mente, Z. Bauman afirma que o valor supremo d a
pós-modernidade, é a vontade de liberdade.No campo da arte, jamais o artista
teve tanta liberdade de criação,e experimentação; sem limites ou ideologias, o
artista é demiurgo e taumaturgo no seu universo de criação, observa-se o
desenvolvimento da Arte e Tecnologia, em que e opera os meios da alta
tecnologia, em cruzamentos e intermediações com outros meios , o poliglotismo
de meios e linguagens configuram Hibridismos, conjugando fragmentos de
diferentes naturezas- semânticas, técnicas e tecnológicas.
Numa tentativa de visão crítica,
acentuam-se na complexa cultura mundial a questão das diferenças, do meio –
ambiente e do desenvolvimento sustentável, das alteridades, elementos que
participam de uma consciência do politicamente correto e da interdependência
planetária para a sobrevivência e melhores condições de vida da humanidade.
Daisy Peccinini
"Eu quero colocar uma marca no universo."
"Meu trabalho não é o de pegar leve com as pessoas. Meu trabalho é torná-las
melhores."
As origens da literatura portuguesa remontam
ao século XII, quando Portugal se constituiu como um país independente. Nessa
época, com a unificação da linguagem de Portugal e Galiza, passou-se a utilizar
a Língua
Galego-Portuguesa
Dois
traços marcantes devem ser lembrados para uma visão da sociedade da época: o
Com o teocentrismo,
isto é, a centralização da vida humana em Deus, expressava-se a intensa
religiosidade, que acompanhou toda a luta dos portugueses empenhados na
expulsão dos mouros da Península Ibérica.
Com
o feudalismo, os nobres que possuíssem
feudos exerciam os poderes do governo por meio de um sistema de vassalagem, que
era baseado numa espécie de contrato que implicava obrigações mútuas entre o
senhor e o vassalo. Os vassalos obedeciam ao senhor e o serviam pela
proteção e ajuda econômica que dele recebiam. Esse sistema de vassalagem
refletiu-se na poesia trovadoresca, principalmente nas cantigas de amor, em que
o trovador se colocava normalmente na condição de vassalo diante da dama.
È
uma cantiga de amor o primeiro documento literário português, datado de 1189 ou
1198. Trata-se da Cantiga
da Ribeirinha (Revisão do Trovadorismo) do poeta Paio Soares de Taveirós,
dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha. Esse poema assinala o início da
época trovadoresca, que se estende até 1418, quando Fernão Lopes é nomeado
arquivista oficial da Torre do Tombo.
Os poetas dessa época eram chamados de
trovadores. A palavra trovador vem do
francês trouver, que significa “achar”, “encontrar”. Dizia-se que o poeta
“achava” a música adequada ao poema e o cantava acompanhado de instrumentos
como a cítara, a viola, a lira ou a harpa.
As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros. Os
mais importantes são:
O Cancioneiro da Ajuda, o mais antigo, com
310 cantigas;
O Cancioneiro da Vaticana, pertencente à
Biblioteca do Vaticano, com 1205 cantigas;
O Cancioneiro da Biblioteca Nacional de
Lisboa, anteriormente chamado de Colocci Brancutti, com 1647 cantigas. Os
principais trovadores; João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D.
Dinis, João Garcia de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes
Torneol. O mais famoso deles foi D.Dinis, o Rei Trovador, Em 1290, ele torna
obrigatório o uso da Língua Portuguesa e funda a primeira universidade em
Coimbra.
Quem fala no poema é um homem, que se dirige
a uma mulher da nobreza, geralmente casada. Esse amor se torna impraticável
pela situação da mulher. O homem sofre, coloca-se numa posição de vassalo, isto
é, de servo da mulher amada. Ele cultiva esse amor em segredo, sem revelar o
nome da dama, que nem sabe dos sentimentos amorosos do trovador. Ele a coloca
num plano elevadíssimo, ideal. Nesse tipo de cantiga há a presença de refrão
que insiste na idéia central, exaltando um amor sem correspondência.
O trovador coloca como personagem central uma
mulher solteira, da classe popular. Pela boca do trovador, ela canta a ausência
do amigo (amado, namorado) que está afastado a serviço do rei, em expedições ou
em guerras. Nesse
tipo de poema, a moça conversa e desabafa seus sentimentos de dor com a mãe, as
amigas, as árvores, as fontes, o mar, os rios, etc. è de caráter narrativo e
descritivo.
Ora se chama de escárnio, ora de maldizer,
Esse tipo de cantiga procurava satirizar (ridicularizar) pessoas e costumes da
época. Alguns poetas, em seus ataques agressivos, chegavam a utilizar uma
linguagem, de baixo nível (chula).
Os principais trovadores foram: João Soares
de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João Garcia de Guilhade,
Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.
A
poesia trovadoresca tem sua importância como documento de história de nossa
língua, de costumes da época e como inspiradora do lirismo de poetas de escolas
posteriores.
"Siga, Cada vez que não
seguimos a nossa voz interior, sentimos uma perda de energia, uma perda de
força, uma sensação de torpor espiritual.” Shakti Gawain
Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem
livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a
sua própria história.
Tudo bem queridos alunos? Leiam com atenção e produza um comentário argumentativo dissertativo sobre o conteúdo. ( Mínimo 5 linhas). 3º E.M.A Escola Estadual Eldorado
A obra se classifica entre o
conto e o romance e fala do drama do retirante diante da seca implacável e da
extrema pobreza que leva a um relacionamento seco e doloroso entre as
personagens, quase um monólogo. Os participantes da história são: Fabiano o
chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com
palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior
ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo, quer realizar algo
notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a
cadela; O menino mais velho, sente curiosidade pela palavra "inferno"
e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e
o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a
sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário,
impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo;
Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma
tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade.
O livro tem l3 capítulos, até
certo ponto autônomos, ligando-se por alguns temas. I - Mudança Este capítulo é
o inicio da retirada, com as personagens citadas acima. Supõe uma narrativa
anterior: "Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e
famintos." Tocados pela seca chegam a uma fazenda abandonada e fazem uma
fogueira. A cachorra traz um preá: "Levantaram-se todos gritando. O menino
mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória
beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o
sangue e tirava proveito do beijo," Fala da terra seca e do sofrimento.
A comunicação é rara e ocorre
quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há
uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem
sentido e sem sonhos do retirante. "Ainda na véspera eram seis viventes,
contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam
descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali
não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do
amigo, e não guardava lembrança disto." II - Fabiano "Apossara-se da
casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu
e sementes de mucunã. Viera a trovoada.
E, com ela, o fazendeiro, que o
expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos,
resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era
ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era
vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como
um bicho, mas criara raízes, estava plantado." Contente dizia a si mesmo:
"Você é um bicho, Fabiano." Mostra o homem embrutecido, mas capaz de
auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se
expressar. "Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava
reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez
perigosas." III - Cadeia Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para
jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A
figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar
a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as
arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma
consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á
sorte de seus filhos. "Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai.
Quando crescessem, guardariam as
reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um
soldado amarelo." IV - Sinhá
Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a
mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da
bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a
morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança. V - O
Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no
bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é
uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama
de lastro de couro. VI - O Menino Mais Velho As aspirações da família são cada
vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da
Baleia já servia bem: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia
encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva." VII - Inverno
É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva
desperta na família.
Eles sabiam que a chuva que
inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A
Festa É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na
cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa
quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica
valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos
praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos
demais seres.
Sinhá Vitória refugia-se no
devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro. IX - Baleia É um
capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece
doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque
estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma
vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que
conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de vender ao
patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não
batem com as de sua mulher.
Revolta-se e depois aceita o fato
com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O
pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O
Soldado Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é
socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que
representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao
encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de
vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é
muito forte no inconsciente de Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão
iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A
mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se
da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz
um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o
deixa.
"Chegou-se á sua casa, com
medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores.
Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas.
Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações,
explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a
cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória
pensaria como ele." XIII - Fuga A esposa junta-se ao marido e sonham
juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e
esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença.
Fabiano mata um bezerro, salga a
carne e partem de madrugada. "E andavam para o sul, metidos naquele sonho.
Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo
coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns
cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se
temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos
nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a
cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos."
Urupês é basicamente uma série de
14 contos, tendo como ênfase a vida quotidiana e mundana do caboclo, através de
seus costumes, crenças e tradições.
Os faroleiros
Dois homens conversam sobre
faróis, e um deles conta sobre a tragédia do Farol dos Albatrozes, onde passou
um tempo com um dos personagens da trama: Gerebita. Gerebita tinha um
companheiro, chamado Cabrea, que ele alegava ser louco. Numa noite, travou-se
uma briga entre Gerebita e Cabrea, vindo este a morrer. Seu corpo foi jogado ao
mar e engolido pelas ondas. Gerebita alegava ter sido atacado pelos desvarios
de Cabrea, agindo em legítima pessoa. Eduardo, o narrador, descobre mais tarde
que o motivo de tal tragédia era uma mulher chamada Maria Rita, que Cabrea
roubara de Gerebita.
O engraçado arrependido
Um sujeito chamado Pontes, com
fama de ser uma grande comediante e sarrista, resolve se tornar um homem sério.
As pessoas, pensando se tratar de mais uma piada do rapaz, negavam-lhe emprego.
Pontes recorre a um primo de influência no governo, que lhe promete o posto da
coletoria federal, já que o titular, major Bentes, estava com sérios problemas
cardíacos e não duraria muito tempo. A solução era matar o homem mais rápido, e
com aquilo que Pontes fazia de melhor: contar piadas. Aproxima-se do major e,
após várias tentativas, consegue o intento. Morte, porém inútil: Pontes se
esquece de avisar o primo da morte, e o governo escolhe outra pessoa para o
cargo.
A colcha de retalhos
Um sujeito (o narrador) vai até o
sítio de um homem chamado Zé Alvorada para contratar seus serviços. Zé está
fora e, enquanto não chega, o narrador trata com a mulher (Sinhá Ana), sua
filha de quatorze anos (Pingo d'Água) e a figura singela da avó, Sinhá
Joaquina, no auge dos seus setenta anos. Joaquina passava a vida a fazer uma colcha de retalhos com pedacinhos
de tecido de cada vestido que Pingo d'Água vestia desde pequenina. O último
pedaço haveria de ser o vestido de noiva. Passado dois anos, o narrador fica
sabendo da morte de Sinhá Ana e a fuga de Pingo d'Água com um homem. Volta até
aquela casa e encontra a velha, tristonha, com a inútil concha de retalhos na
mão. Em pouco tempo morreria...
A vingança da peroba
Sentindo inveja da prosperidade
dos vizinhos, João Nunes resolve deixar de lado sua preguiça e construir um
monjolo (engenho de milho). Contrata um deficiente, Teixeirinha, para fazer a
tal obra. Em falta de madeira boa para a construção, a solução é cortar a bela
e frondosa peroba na divisa das suas terras (o que causa uma tremenda encrenca
com os vizinhos). Teixeirinha, enquanto trabalha, conta a João Nunes sobre a
vingança dos espíritos das árvores contra os homens que as cortam. Coincidência
ou não, o monjolo não funciona direito (para a gozação dos vizinhos) e João
Nunes perde um filho, esmagado pela engenhoca.
Um suplício moderno
Ajudando o coronel Fidêncio a
ganhar a eleição em Itaoca, Izé Biriba recebe o cargo de estafeta (entregador
de correspondências e outras cargas). Obrigado a andar sete léguas todos os
dias, Biriba perde aos poucos a saúde. Resolve pedir demissão, o que lhe é
negada. Sabendo da próxima eleição, continua no cargo com a intenção de
vingança. Encarregado de levar um "papel" que garantiria novamente a
vitória de seu coronel, deixa de cumprir a missão. Coronel Fidêncio perde a
eleição e a saúde, enquanto o coronel eleito resolve manter Biriba no cargo.
Este, então, vai embora durante a noite...
Meu conto de Maupassant:
Dois homens conversam num trem.
Um deles é ex-delegado e conta sobre a morte de uma velha. O primeiro suspeito
era um italiano, dono de venda, que é preso. Solto por falta de provas, via
morar em São Paulo.
Passado algum tempo, novas provas incriminam o mesmo e, preso
em São Paulo
e conduzido de trem ao vilarejo, se joga da janela. Morte instantânea e inútil:
tempo depois, o filho da velha confessa o crime.
"Pollice Verso"
O filho do coronel Inácio da
Gama, o Inacinho, forma-se em Medicina no Rio de Janeiro e volta para exercer a
profissão. Pensando em arrecadar dinheiro para ir a Paris reencontrar a
namorada francesa, Inacinho começa a cuidar de um coronel rico. Como a conta
seria mais alta se o velho morresse, a morte não tarda a acontecer. O caso vai
parar na justiça, onde dois outros médicos velhacos dão razão a Inacinho. O
moço vai para Paris morar em Paris com a namorada, levando uma vida boêmia. No
Brasil, o orgulhoso coronel Inácio da Gama fala aos ventos sobre o filho que
andava aprofundando os estudos com os melhores médicos da Europa.
Bucólica
Andando pelos pequenos vilarejos
e sítios interioranos, o narrador fica sabendo da trágica história da morte da
filha de Pedro Suã, que morreu de sede. Aleijada e odiada pela mãe, a filha
adoeceu e, ardendo em febre numa noite, gritava por água. A mãe não lhe
atendeu, e a filha foi encontrada morta na cozinha, perto do pote de água, para onde se arrastou.
O mata-pau
Dois homens conversam na mata
sobre uma planta chamada mata-pau, que cresce e mata todas as outras árvores ao
seu redor. O assunto termina no trágico caso de um próspero casal, Elesbão e
Rosinha, que encontram um bebê em suas terras e resolvem adotá-lo. Crescido o
menino, se envolve com a mãe e mata o pai. Com os negócios paternos em ruína,
resolve vendê-los, o que vai contra os gostos da mãe-esposa. Esta quase acaba
vítima do rapaz e vai parar num hospital, enlouquecida.
Bocatorta
Na fazenda do Atoleiro, vivia a
família do major Zé Lucas. Nas matas da fazenda, havia um negro com a cara
defeituosa com fama de monstro: Bocatorta. Cristina, filha do major, morre
justamente alguns dias depois de ter ido com o pai ver a tal criatura. Seu
noivo, Eduardo, não agüenta a tristeza e vai até o cemitério chorar a morte da
amada. Encontra Bocatorta desenterrando a moça. Volta correndo e, junto a um
grupo de homens da fazenda, sai em perseguição a Bocatorta. Esse, em fuga,
morre ao passar num atoleiro, depois de ter dado o seu único beijo na vida.
O comprador de fazendas
Pensando em se livrar logo da
fazenda Espigão (verdadeira ruína para quem a possui), Moreira recebe com
entusiasmo um bem-apessoado comprador: Pedro Trancoso. O rapaz se encanta com a
fazenda e com a filha de Moreira e, prometendo voltar na semana seguinte para
fechar o negócio, nunca mais dá notícias. Moreira vem a descobrir mais tarde
que Pedro Trancoso é um tremendo safado, sem dinheiro nem para comprar pão.
Pedro, no entanto, ganha na loteria e resolve comprar mesmo a fazenda, mas é
expulso por Moreira, que perdeu assim a única chance que teve na vida de se
livrar das dívidas.
O estigma
Bruno resolve visitar o amigo
Fausto em sua fazenda. Lá conhece a bela menina Laura, prima órfã de Fausto, e
sua fria esposa. Fausto convivia com o tormento de um casamento concebido por
interesse e uma forte paixão pela prima. Passado vinte anos, os amigos se
reencontram no Rio de Janeiro, onde Bruno fica sabendo da tragédia que envolveu
as duas mulheres da vida de Fausto: Laura sumiu durante um passeio, e foi
encontrada morta com um revólver ao lado da mão direita. Suicídio misterioso e
inexplicável. A fria esposa de Fausto estava grávida e deu a luz a um menino
que tinha um sinalzinho semelhante ao ferimento de bala no corpo da menina.
Fausto vê o sinalzinho e percebe tudo: a mulher havia matado Laura. Mostra o
sinal do recém-nascido para ela que, horrorizada, padece até a morte.
Velha Praga
Artigo onde Monteiro Lobato
denuncia as queimadas da Serra da Mantiqueira por caboclos nômades, além de
descrever e denunciar a vida dos mesmos.
Urupês
A jóia do livro. Aqui, Monteiro
Lobato personifica a figura do caboclo, criando o famoso personagem Jeca Tatu,
apelidado de urupê (uma espécie de fungo parasita). Vive "e vegeta de
cócoras", à base da lei do menor esforço, alimentando-se e curando-se
daquilo que a natureza lhe dá, alheio a tudo o que se passa no mundo, menos do
ato de votar. Representa a ignorância e o atraso do homem do campo.
O funcionário público Policarpo
Quaresma, nacionalista e patriota extremado, é conhecido por todos como major
Quaresma, no Arsenal de Guerra, onde exerce a função de subsecretário. Sem
muitos amigos, vive isolado com sua irmã Dona Adelaide, mantendo os mesmos
hábitos há trinta anos. Seu fanatismo patriótico se reflete nos autores
nacionais de sua vasta biblioteca e no modo de ver o Brasil. Para ele, tudo do
país é superior, chegando até mesmo a "amputar alguns quilômetros ao
Nilo" apenas para destacar a grandiosidade do Amazonas. Por isso, em casa
ou na repartição, é sempre incompreendido.
Esse patriotismo leva-o a
valorizar o violão, instrumento marginalizado na época, visto como sinônimo de
malandragem. Atribuindo-lhe valores nacionais, decide aprender a tocá-lo com o
professor Ricardo Coração dos Outros. Em busca de modinhas do folclore
brasileiro, para a festa do general Albernaz, seu vizinho, lê tudo sobre o
assunto, descobrindo, com grande decepção, que um bom número de nossas
tradições e canções vinha do estrangeiro. Sem desanimar, decide estudar algo
tipicamente nacional: os costumes tupinambás. Alguns dias depois, o compadre,
Vicente Coleoni, e a afilhada, Dona Olga, são recebidos no melhor estilo
Tupinambá: com choros, berros e descabelamentos. Abandonando o violão, o major
volta-se para o maracá e a inúbia, instrumentos indígenas tipicamente
nacionais.
Ainda nessa esteira nacionalista,
propõe, em documento enviado ao Congresso Nacional, a substituição do português
pelo tupi-guarani, a verdadeira língua do Brasil. Por isso, torna-se objeto de
ridicularizarão, escárnio e ironia. Um ofício em tupi, enviado ao Ministro da
Guerra, por engano, levá-o à suspensão e como suas manias sugerem um claro
desvio comportamental, é aposentado por invalidez, depois de passar alguns
meses no hospício.
Após recuperar-se da insanidade,
Quaresma deixa a casa de saúde e compra o Sossego, um sítio no interior do Rio
de Janeiro; está decidido a trabalhar na terra. Com Adelaide e o preto
Anastácio, muda-se para o campo. A idéia de tirar da fértil terra brasileira
seu sustento e felicidade anima-o. Adquire vários instrumentos e livros sobre
agricultura e logo aprende a manejar a enxada. Orgulhoso da terra brasileira
que, de tão boa, dispensa adubos, recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros
e da afilhada Olga, que não vê todo o progresso no campo, alardeado pelo
padrinho. Nota, sim, muita pobreza e desânimo naquela gente simples.
Depois de algum tempo, o projeto
agrícola de Quaresma cai por terra, derrotado por três inimigos terríveis.
Primeiro, o clientelismo hipócrita dos políticos. Como Policarpo não quis
compactuar com uma fraude da política local, passa a ser multado
indevidamente.O segundo, foi a deficiente estrutura agrária brasileira que lhe
impede de vender uma boa safra, sem tomar prejuízo. O terceiro, foi a
voracidade dos imbatíveis exércitos de saúvas, que, ferozmente, devoravam sua
lavoura e reservas de milho e feijão. Desanimado, estende sua dor à pobre
população rural, lamentando o abandono de terras improdutivas e a falta de
solidariedade do governo, protetor dos grandes latifundiários do café. Para
ele, era necessária uma nova
administração.
A Revolta da Armada - insurreição
dos marinheiros da esquadra contra o continuísmo florianista - faz com que
Quaresma abandone a batalha campestre e, como bom patriota, siga para o Rio de
Janeiro. Alistando-se na frente de combate em defesa do Marechal Floriano, torna-se comandante de um
destacamento, onde estuda artilharia, balística, mecânica.
Durante a visita de Floriano
Peixoto ao quartel, que já o conhecia do arsenal, Policarpo fica sabendo que o
marechal havia lido seu "projeto agrícola" para a nação. Diante do
entusiasmo e observações oníricas do comandante, o Presidente simplesmente
responde: "Você Quaresma é um visionário".
Após quatro meses de revolta, a
Armada ainda resiste bravamente. Diante da indiferença de Floriano para com seu
"projeto", Quaresma questiona-se se vale a pena deixar o sossego de
casa e se arriscar, ou até morrer nas trincheiras por esse homem. Mas continua
lutando e acaba ferido. Enquanto isso, sozinha, a irmã Adelaide pouco pode
fazer pelo sítio do Sossego, que já demonstra sinais de completo abandono. Em
uma carta à Adelaide, descreve-lhe as batalhas e fala de seu ferimento.
Contudo, Quaresma se restabelece e, ao fim da revolta, que dura sete meses, é
designado carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão dos marinheiros insurgentes.
Uma madrugada é visitado por um
emissário do governo que, aleatoriamente, escolhe doze prisioneiros que são
levados pela escolta para fuzilamento. Indignado, escreve a Floriano,
denunciando esse tipo de atrocidade cometida pelo governo. Acaba sendo preso
como traidor e conduzido à Ilha das Cobras. Apesar de tanto empenho e
fidelidade, Quaresma é condenado à morte. Preocupado com sua situação, Ricardo
busca auxílio nas repartições e com amigos do próprio Quaresma, que nada fazem,
pois temem por seus empregos. Mesmo contrariando a vontade e ambição do marido,
sua afilhada, Olga, tenta ajudá-lo, buscando o apoio de Floriano, mas nada
consegue. A morte será o triste fim de Policarpo Quaresma.
Os Sertões foi dividido
em três partes: "A Terra", "O Homem" e "A Luta".
Euclides descreveu o sertão
baiano em A Terra. Iniciou explicando o relevo do Planalto Central brasileiro.
Depois descreveu a paisagem sertaneja: seca, dias quentes e noites frias, cheia
de árvores sem folhas e espinhentas.
Na segunda parte, "O Homem", o Autor
caracterizou os sertanejos e contou a história de Antônio Conselheiro, líder do
arraial de Canudos.
Euclides destacou as diferenças do sertanejo e dos
litorâneos, concluindo que os sertanejos estão isolados da civilização e,
portanto, privados de seus bens culturais e materiais.
Antônio Vicente
Mendes Maciel (o Conselheiro), líder de Canudos, foi um reflexo dos sertanejos.
Nasceu em Quixeramobim, no Ceará, onde trabalhou e logo se casou. Quando foi
traído pela mulher, resolveu andar pelos sertões. Após dez anos, Antônio Vicente
surgiu como o líder religioso Antônio Conselheiro.
Muitos sertanejos seguiam
Conselheiro em sua peregrinação. Mas a situação agravou-se quando o líder
religioso instalou-se na antiga fazenda de Canudos. As pessoas vinham de toda
parte. O arraial, segundo as autoridades, era um abrigo de criminosos.
Amontoavam-se jagunços suficientes para compor um batalhão, homens cruéis e
destemidos.
O governo do Estado da Bahia resolveu organizar uma expedição
para desbaratar o arraial de Canudos. A primeira expedição, liderada pelo Ten.
Pires Ferreira, foi enviada em novembro de 1896. Dispostos estrategicamente,
mais preparados e com mais noção do território e de seus ardis, os jagunços
saíram vencedores. A segunda expedição, comandada pelo major Febrônio de Brito,
foi atacada de surpresa e vencida.
Com grande respaldo popular, a terceira
expedição, Expedição Moreira César, partiu de Monte Santo em fevereiro de 1897 e
em março invadiu Canudos. O Cel. Moreira César morreu e a expedição fracassou.
Os soldados debandaram nas caatingas.
A fuga dos soldados restrugiu-se no
país inteiro. A vitória dos jagunços foi considerada um ultraje para a
República. Era uma ameaça de restauração da Monarquia... (os sertanejos nem
entendiam as reformas republicanas: casamento civil, cobrança de impostos e
separação entre Igreja e Estado).
Batalhões de todos os Estados foram
mobilizados para destruir Canudos. O Gen. Artur Oscar liderava-os. Com a ajuda
do Tenente-Coronel Siqueira de Meneses, comandante astucioso, os soldados
combateram e venceram, apesar da repetição dos mesmos erros das expedições
anteriores.
A vitória das forças do governo, conseguida após sucessivos
reforços, consolidou-se quando compôs-se a Trincheira Sete de Setembro. Canudos
estava cercada, mas resistiu com fome e sede até 5 de outubro. Os prisioneiros
foram degolados.